A nossa cidade

Umberto Boccioni, 1911

As paredes sem textura,
Os tectos alheios à gravidade,
tudo flutua na certeza de existir
tudo remoínha nas janelas do futuro
na nossa cidade -

Onde tudo era calmo, apaziguante
Onde tudo era vivo, electrizante
As noites viravam dias sem o tempo perceber
E tudo era eterno sem ter existido sequer! -

E nós sabíamos, oh sabíamos
Que naqueles segundos em que éramos um só
Dávamos de nós o que nem sabíamos ter -

E os outros viam, oh viam,
o retrato feliz de uma tristeza complacente
o sorriso amargurado de quem muito sente -

E hoje, ao olharmos o passado
em jeitos de futuro, das janelas da nossa casa
sem paredes nem tecto, nem existência nem gravidade -

Sabemos que não fomos mais que dois pedregulhos
com demasiada força para flutuarem, despreocupados.
Na nossa cidade de papel

que acabei por construir sozinha,
e ver arder.

Mariana Silva

http://odevaneiodabatata.blogspot.com/

Kommentare

  1. Fiquei curioso por ver a fotografia que acompanhava o poema da Mariana quando fui ao blogue deles e li o que a Teresa escreveu.
    Eu acho que está muito bem. O que idealizou ao certo não sei, mas que esta está muito bem, acho que sim!
    Carpe diem!

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  2. Muito bonito. Gostei imenso. Parabéns à Mariana ;)

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  3. O pior é que mesmo sendo pedregulhos conseguimos ter os sentimos que os homens têm....já os considerei mais eternos.

    Bonito poema e obrigado mais uma vez pela passagem no blog, volta sempre, farei questão de passar por aqui também.

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  4. Sabes, Teresa de Longe, começo a pensar que todos deveríamos escrever sob a forma poética. Porque, ou é impressão minha, ou somos mais sinceros e abertos quando o fazemos. Talvez escudados pelo poema de Pessoa:
    "O Poeta é um fingidor,
    finge tão completamente
    que chega a fingir que é Dor
    A Dor que deveras sente."
    Portanto, em partes iguais e ambas a 100%, os meus parabéns para a imagem escolhida por ti e para as palavras da Mariana.
    E que quando houver dor, que seja mesmo a fingir... para afugentar os deuses invejosos...
    Um beijo da Avó Pirueta para as duas.

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  5. Muito obrigada Teresa :)

    a imagem é lindissima! complementa muito muito bem as minhas palavritas...


    beijinho***

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  6. Onde é que eu já li isto ? ^^

    Rita

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  7. Rita:
    O poema da nossa jovem poetisa: Marina Silva - encontra-se no:

    hppt://odevaneiodabatata.blogspot. com
    E é para lá que devem ir os comentários.

    Bj*********************************

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  8. Olá TERESA!
    Começo por pedir desculpa, porque de manhã vim agradecer a todos os elementos da teia, a vossa generosidade em relação ao dia de ontem, o meu muito obrigada e agora esperem vocês pela resposta.
    O QUE ACONTECEU É QUE O COMPUTADOR NÃO DEVE TER DEIXADO PASSAR OS COMENTÁRIOS PORQUE NINGUÉM TINHA LÁ NADA ESCRITO POR MIM,FAÇO-O DE NOVO AGORA.

    Quanto ao poema,gostei muito,mas fiquei ainda mais satisfeita por ver que a geração (rasca)como alguéma a apelidou, não é tão rasca assim, ainda há gente com interesses válidos como a escrita.
    CONTINUA MARIANA (e depois o nome, também tenho uma Mariana).
    Beijos para as duas, e os meus sorrisos.
    Isabel



    Beijos para as duas e os meus sorisos

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